Mário Gomes, O poeta

Quem visita o Centro da cidade ou o Dragão do Mar, em Fortaleza, certamente encontrará o poeta, boêmio ou mendigo Mário Gomes. Mas afinal, quem é essa figura emblemática de Fortaleza?


Mario Ferreira Gomes, o poeta que perambula pelas ruas de Fortaleza, é autor de 8 livros e tem pelo menos duas biografias editadas. Tem como lema a liberdade. Nascido em Fortaleza no dia 23 de julho de 1947. Mário se descobriu poeta aos 18 anos e assumia como profissão a vagabundagem

Anda maltrapilho pelas ruas pedindo de empréstimos o que comer e beber. Poeta maldito. Vive bêbado. Irreverente, viajou diversas vezes ao Rio de Janeiro e Salvador para retornar em seguida à sua terra natal. Numa dessas viagens quem lhe socorreu foi o poeta potiguar Miguel Cirilo.


Foto: Divulgação

Foto: Divulgação
Segundo Márcio Catunda – autor de uma biografia do poeta – Mário Gomes é uma espécie de um édipo bêbado a perambular pelas ruas da cidade. Seu compromisso radical é com a máxima liberdade possível. No entanto, o poeta pagou caro por isso: Foi submetido a quase todos os métodos de tortura e violência. No hospício de Parangaba, em Fortaleza, levou 12 choques elétricos aos 20 anos de idade. Nessa época de viagens, prisões, recolhimentos em manicômios já começou a se tornar o boêmio da Praça do Ferreira e começava a escrever seus primeiros poemas. Aos 60 anos de idade, o poeta é lenda viva de Fortaleza. Dizem que pirou de vez depois da morte da mãe

Sua vida tem semelhanças com a do poeta natalense Blecaute e de tantos outros poetas marginais espalhados pelo mundo. 


Um de seus mais belos poemas é um tanto surrealista em que ele engole o universo numa madrugada e giboiando acorda mil anos depois. Esse poema ganhou o primeiro lugar no Festival de Poesia Cearense, de 1981.

Foto: Reprodução/Facebook
Luana, feirante, afirma: "Eu moro próximo a casa onde reside Mario Gomes, ele muitas vezes é vitima de chacotas e ridicularizações das pessoas que não o conhecem, ele está desequilibrado, fala coisas sem sentido e vive a vagar pelas ruas do bairro, acho que ele precisa mesmo é de ajuda psicológica, de amigos que se aproximem, em fim. Ele é só mais uma vítima do descaso que toma conta da sociedade."

Alexandre, segurança, complementa: "Hoje eu sai sem rumo. Chegando ao Dragão do Mar encontrei Mario Gomes. Fico sempre fascinado com ele, com a presença dele. Dá vontade de abraçar. É tão desconcertante ver um artista assim."







Suas principais obras publicadas:
Foto: Reprodução/Facebook



Lamentos do Ego (1981).
Emoção poética (1983)

Resquícios de uma Paisagem da Vida (1988)
Devaneios e Lamentações (1991)
Aprendizes da Morte, em parceria com Márcio Catunda e Cristiane Marinho (1998)
Além do infinito (1998)
Terno de Poesia (1997)
teve também uma Antologia Poética onde foi feito uma coletânea de todas as obras.


Metamorfose
"Ontem, 
Ao meio-dia, 
Comi um prato de lagartas
Passei a tarde defecando borboletas."

Quer ler alguns de seus poemas? Clique aqui.







Confira uma reportagem sobre o poeta: 

Fonte: Youtube/VivaFortaleza

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Sobre Unknown

Lucas Almeida, 20, cearense, é estudanste de jornalismo. Tem interesse em Assessoria de Imprensa, Web Jornalismo e Audiovisual. Criou o blog Papos da Raposa com a finalidade de ajudar estudantes de jornalismo através de artigos, dicas, entre outras categorias.
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10 comentários:

  1. Adoro a história dele. Poeta maldito

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  2. linda a história dele

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  3. História fascinante e trágica.
    Deve ser tenso ter vários livros publicados, uma vida toda dedicada ao que gosta de fazer e ser visto pelos outros como um mero mendigo.

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  4. Já vi eles várias vezes. Poeta, boêmio, mendigo... ele é o cara

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  5. Nossa gente... não conheci esse grande poeta. Queria um dia vê-lo.

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  6. Que história mais linda e ao mesmo tempo trista. Ele está vivo?

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    1. Mais vivo do que nunca. Ele sempre estar no Dragão do Mar!

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  7. Adorei, magnífico!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

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  8. História linda e triste.

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  9. A primeira vez que o vi foi no Dragão do Mar em 2007, ele estava com com uma camisa da banda "System of a down" e por cima seu inseparável terno junto a uma garrafa de vinho. Em 2013 quando comecei a trabalhar no centro, encontrava-o sempre na praça do Ferreira, mas só vim conhecer seu admirável talento no começo desse ano, infelizmente nunca mais o vi para bater uns papos sobre poesia já que também escrevo.

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