[ENTREVISTADO DA SEMANA] Felipe Ribeiro, jornalista da Jovem Pan

Entrevista Ping-Pong, Entrevistado da Semana
"A minha carreira foi construída conforme a necessidade. Se eu pudesse escolher começar no jornalismo esportivo, com certeza teria feito, mas, talvez a vivência que tive em assessoria de imprensa fizesse falta hoje."

Felipe escreve para blogs de esporte. Possui o seu, chamado Avanti Palestra. É convidado para elaborar e produzir pautas em colunas no blog Sobrei na Seleção e Final Sports.


Em entrevista ping-pong concebida por email, o jornalista Felipe Ribeiro, 25, comentou sobre a sua atuação em assessoria de imprensa e em jornalismo esportivo. A entrevista foi elaborada para a categoria #EntrevistadoDaSemana, do blog Papos da Raposa. Na ocasião, Felipe contou sobre a sua experiência na Rádio Jovem Pan AM. Além de jornalista ele é assessor de imprensa, blogueiro, produtor e locutor de rádio. Formado em jornalismo, em 2010, começará Pós-Graduação em Jornalismo Esportivo, em 2015. 



- Papos da Raposa: Felipe, a sua paixão pelo o jornalismo surgiu quando ainda criança, ou na adolescência?

- Felipe Ribeiro: Olha, Lucas. Desde que me conheço por gente, sou apaixonado por informação, informar. Lembro-me bem de quando estava na escola, e meus amigos sempre me perguntavam sobre o tempo, pesquisas eleitorais e o time que seria escalado na rodada do fim de semana. Evidente que eu tive os anos todos de preparo na faculdade e no trabalho, mas ser jornalista está dentro de mim desde sempre. 

- PR: Quais eram as suas expectativas antes de iniciar a graduação em jornalismo e na conclusão do mesmo?

- FR: Antes de iniciar o curso eu tinha ideia fixa de ser jornalista esportivo, mas acabei seguindo outra área, até para que eu pudesse ter o meu sustento. Entretanto, após alguns anos de formado e com alguma bagagem, resolvi desenvolver meus próprios projetos, como blog, colunas e trabalhos freelancer. Hoje, graças  às oportunidades que a mim foram dadas, estou caminhando e trilhando na carreira de jornalista esportivo. Eu possuo meu emprego de assessor de imprensa, mas meu grande objetivo é e sempre foi o jornalismo esportivo. Creio estar perto de atingir essa meta.

- PR: Em qual área você ainda tem interesse em atuar?

- FR: Como disse acima, meu maior interesse é ser jornalista esportivo. Atuar na cobertura de grandes eventos, principalmente aqueles de futebol, como comentarista. Mas claro que se tiver que ser repórter ou ter outro cargo, assumiria sem problemas. 

- PR: Além de falar o português, você tem domínio no italiano e no inglês. Ser fluente em outros idiomas torna-se viável para o jornalista?

- FR: É importantíssimo, Lucas. Hoje, ter outro idioma, principalmente o inglês, é fundamental para qualquer profissional, não somente os jornalistas. Vejo como um diferencial importante e obrigatório nos dias de hoje. 

- PR: Você já atuou em blogs. Qual a linguagem do jornalismo para a internet?

- FR: Depende do blog. Até alguns anos atrás eu escrevia em um blog chamado Exercer Jornalismo, que abordava de tudo um pouco. Hoje escrevo basicamente em blogs de esporte, falando sobre o Palmeiras. O meu, o Avanti Palestra. Um projeto paralelo chamado Gigante Paleztram e outros dois em que fui convidado justamente pelo desempenho nessas mídias: o "Sobrei na Seleção", que é uma rádio online, e o "Final Sports", um site gaúcho que está expandindo seu mercado e também recrutou blogueiros em São Paulo para falar dos clubes daqui.

A linguagem para a internet precisa ser, acima de tudo, atualizada. Estar ligado no que está acontecendo é fundamental. Tecnicamente falando, não se pode ser prolixo. Quando mais fácil, melhor para o leitor. Menos é mais. 

- PR: Você recentemente participou do curso "Comunicação Escrita e Revisão Gramatical", no Senac. O jornalista, mesmo depois de formado, precisa revisar e aprender conhecimentos?

- FR: Sem sombra de dúvidas. Nossa profissão exige o mais alto grau de instrução para que possamos passar ao leitor e espectador o que ele quer saber. Fiz e farei ainda cursos, até para que eu fique mais qualificado. É sempre bom atualizar o currículo. Os cursos não podem ficar na base do romantismo: "Ah, vou fazer para dizer que fiz". Não. Conhecimento sempre é bom, mas precisa ser bem direcionado.




- PR: O seu foco profissional está direcionado à produção de textos e captação de informações para geração de notícias. Como você avalia o sensacionalismo de muitas notícias veiculadas através da grande mídia?

- FR: O filtro quem faz é o leitor. Da mesma maneira que hoje penso que informação tornou-se um produto que, como qualquer outro, precisa agradar ao consumidor. Procuro me manter fiel às minhas 'crenças profissionais'. Mas, Lucas, convenhamos, é bem fácil saber quando algum veículo possui qualidade e outro não. Quando algum programa apela e o outro segue uma linha mais branda. O sensacionalismo existe desde quando existe a mídia no mundo. É o que chama a atenção do povo. Isso precisa existir até para quem quer trabalhar seriamente, seja ouvido por aqueles que se interessam por uma informação com mais credibilidade.


- PR: Nós sabemos que o mercado de trabalho na área de Comunicação Social, e especificamente em jornalismo, é acirrado, principalmente nos estados que estão fora do eixo Rio de Janeiro - São. Como você interpreta esse cenário?

- FR: O cenário é ruim por aqui também. O ano de 2014 tem sido atípico devido à Copa do Mundo e a eleição, sem falar no péssimo desempenho do Brasil economicamente. Mas o mercado está repleto de profissionais com diploma na mão que querem seguir na comunicação. Vejo que o atual momento é ruim no geral. Não somente nas praças fora do eixo RJ - SP. Espero que em 2015 a situação melhore para os nossos colegas, e para nós também.

- PR: O jornalismo já passou por diversas transformações. Atualmente tem um novo formato: o digital, o moderno e o dinâmico. Mas a função e a missão do jornalistas precisam ser cada vez mais profissional, mesmo que haja mudanças no sistema. Como você avalia a função do jornalismo? Qual a importância à sociedade?

- FR: Certa vez um professor da faculdade me disse que o jornalista é a elite culta do país. E eu concordo com ele. Mas ser jornalistas vai além. Nós temos uma missão valiosíssima de passar às pessoas, à população: o que acontece no bairro, na cidade, no estado e no país; com a mais absoluta credibilidade. Uma informação equivocada pode acarretar em prejuízos terríveis à população. Por isso, creio que o jornalista, além de informar, tem a função de prestar serviços, denunciar, apurar, cobrar e combater. Quando a pessoa olha para um jornalista ela tem que acreditar que nele verá respostas, independente do assunto. Dentre tantas funções, a primordial é essa: informar. 

- PR: Do que o jornalismo ainda precisa? E como os graduandos poderão acrescentar no jornalismo?

- FR: O jornalismo precisa de pessoas que acreditem nele mais do que a própria população. Muitas pessoas pensam que ser jornalista é ser como um artista, uma celebridade, e não é assim. Nosso trabalho é muito mais sério que se pensa. O jornalista precisa de pessoas sérias, honestas, que possuam "tinta nas veias". Os novos formandos e graduandos devem trazer novidades ao mercado, assim como métodos diferentes de apuração, abordagem e informações. Porque, como você já me afirmou: o jornalismo muda a todo momento. Essas nomenclaturas: digital, moderno e dinâmico certamente eu não me lembro de ter visto na época da faculdade, e nem faz tanto tempo assim (risos). Então, busque sempre estar atual. 



- PR: Como foi a sua primeira atuação na Jovem Pan? Lembra no que pensava antes de se pronunciar? 

- FR: Eu posso dividir minhas atuações na Jovem Pan em dois momentos? Quando gravei pela primeira vez; e outra quando entrei ao vivo pela primeira vez. Gravar é mais fácil para começar, mas para transmitir a informação, nada melhor do que a espontaneidade. Para gravar, não fiquei tão nervoso, por temos  facilidade de refazer. Agora, para entrar ao vivo foi um pouco diferente.

O Flávio Prado já tinha me avisado que, talvez, eu entraria. Isso foi há duas semanas. Estávamos conversando na mesa e eu lhe falei sobre a possível ida de Falcão Garcia para o Real Madrid, aí, do nada, ele me chamou ao vivo para dar a informação aos ouvintes. Na hora, eu 'gelei', mas a fala saiu naturalmente, mesmo com o nervosismo estampado na cara. Depois eu perguntei para ele porque ele não tinha me avisado. Daí ele: "Ah, é pra você não pensar muito." Um teste aplicado por um dos mestres da comunicação no país, e eu passei, creio... (risos)


Estúdio de Rádio Jovem Pan AM
Foto: Reprodução/Facebook
- PR: Como funciona o seu trabalho na Joven Pan AM? Conta um pouco sobre a sua função, a experiência. 

- FR: Olha, eu sou formado, mas a equipe do Flávio Padro é formado majoritariamente por estudantes de jornalismo. Ele comanda dois programas aos finais de semana: Novo Mundo da Bola (no sábado), e o Comentarista do plantão (no domingo). No caso, o tema do programa é futebol europeu, então, algo sobre isso eu falarei, certamente. De domingo a minha função é mais na produção - já que o programa é basicamente de entrevistas. Então, quando não preciso ligar pra alguém entrar ao vivo, apenas auxilio o Flávio no que ele precisa. A pesar de o serviço ser mais simples, o aprendizado é maior, já que o contato com o Flávio é mais direto.



- PR: Como você analisa o atual cenário do jornalismo esportivo?

- FR: Olha, Lucas, podemos dividir em vários cenários. O jornalismo esportivo na TV  à Cabo e na TV ESPN Brasil, que para mim, é o melhor canal esportivo da televisão brasileira, seguido pelo Fox Sports e por último o Sportv.

Meu grande sonho é chegar na ESPN. A equipe é sensacional e a liberdade que eles têm para falar sobre quaisquer tema é de encher os olhos. A linha editorial é fantástica, muito profissional. Existem os talentos dos comentarista, narradores e repórteres, que são um show à parte.

O Fox Sports e Sportv possuem boas equipes, mas tenho algumas reservas como a relação a esses dois veículos. Trabalharia neles com mais prazer, mas todos temos uma preferência na vida. Mesmo sendo profissional, tenho o desejo de trabalhar na ESPN.

Na TV aberta poucos se salvam. A Globo possui uma boa equipe, mas a linguagem e linha editorial não têm a mesma qualidade do Sportv, por exemplo, que é dela própria.A Band, que também possui o Band Sports, diga-se de passagem, possui uma equipe formada mais por personagens do que por jornalistas. Ao contrário da Rádio Bandeirantes, que possui profissionais sérios e competentes. 

Na Jovem Pan, que é mais vanguarda, o trabalho é altamente qualificado, mas também dá tons de modernidade na cobertura. 

Na internet e nem jornais e revistas nós vemos todos os nomes que vemos na TV, espalhados nas editorias e colunas. Aí, as opções são muitas e a qualidade varia muito. Mas, no geral, são boas.

- PR: Um fato recente, uma torcedora do Grêmio ofendeu o goleiro Aranha, do Santos. Como você interpreta o poder e o posicionamento da mídia sobre essa pauta?

- FR: As reações da mídia foram diversas, mas o consenso que a punição à menina deveria ocorrer me deixou mais animado. Ninguém que trabalha nesse meio tolera o racismo, até porque o esporte - principalmente o futebol - é o mais democrático do mundo. Seja no social ou no racial, se quiserem. Só é preciso ter cuidado com o nível da cobertura. O certo, dependendo de como a coisa evoluísse, o Aranha poderia passar de vítima ao agressor. O posicionamento da mídia foi previsível. O tamanho do caso talvez não fosse tão grande, já que não inédito. Mas a imagem captada pela própria ESPN, da menina gritando "MACACO" é o que tornou a coisa grande mesmo! Foi um flagrante. O poder é esse. hoje temos câmeras em todos os locais. 

- PR: E, para encerrar, você teria alguma dica para os estudantes que pretendem atuar em assessoria de imprensa, radiojornalismo, produção e mídias sociais?

- FR: A minha carreira foi construída conforme a necessidade. Se eu pudesse escolher começar no jornalismo esportivo, com certeza teria feito, mas, talvez a vivência que tive em outras áreas graças à assessoria de imprensa fizesse falta hoje. Por sorte, méritos e Deus hoje estou ganhando um novo espaço no jornalismo esportivo. Mas sem deixar a assessoria de lado. Meu conselho para quem está começando é DEDIQUEM-SE. Mas não fiquem doentes. Tudo que é demais faz mal. Eu vivo o jornalismo, o esporte, o meu emprego, mas tenho a minha família, a minha vida, os meus amigos e as minhas responsabilidades. Não se deixem tomar por nada, por nenhuma situação. Amar a profissão é também saber a hora certa de se enfiar nela. Tenham orgulho de serem como são, jornalistas. 

*Entrevistador: Lucas Almeida / Papos da Raposa / Estudante de Jornalismo
*Entrevistado: Felipe Ribeiro / Jornalista



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Sobre Unknown

Lucas Almeida, 20, cearense, é estudanste de jornalismo. Tem interesse em Assessoria de Imprensa, Web Jornalismo e Audiovisual. Criou o blog Papos da Raposa com a finalidade de ajudar estudantes de jornalismo através de artigos, dicas, entre outras categorias.
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2 comentários:

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